Por que se Movimentar?



  Postado em 22.09.2011











 Por Amilcar Zanelatto.



No início de outubro de 2006 a Câmara Municipal de São Caetano do Sul apreciou, dentre outros projetos enviados pela Prefeitura, um veto do Sr. Prefeito José Auricchio Jr. (PTB) a um projeto de lei assinado pelo ex-verador Horácio Neto (PSOL), projeto este protocolado a nosso pedido e aprovado pelos vereadores. Tratava-se de correção a uma excrescência jurídica contida no Art. 32 da Lei 4207/04, de iniciativa do Poder Executivo (vejam detalhes no texto "Por que celebrar?").

Fui alertado pelo Gabinete de Horácio Neto que o Sr. Prefeito havia vetado o PL e imediatamente me dirigi à Câmara com o intuito de conversar com os vereadores sobre a importância de se derrubar o veto.

Passei de Gabinete em Gabinete; os vereadores estavam em reunião com a Presidência da Câmara e fui atendido pelo(a)s respectivo(a)s Assessore(a)s nos Gabinetes de Edgar Nóbrega (PT) e Sidnei Bezerra (PSB): não fui recebido por mais ninguém. 
Dirigi-me, então, ao plenário.

Lá estavam os vereadores Paulo Bottura (PTB - então Presidente da Câmara), Gilberto Costa (eleito pelo PSB, hoje no PP e Secretário de Esportes e de "malas prontas" para o PTB), Moacyr Rodrigues (eleito pelo PMDB), Joel Fontes (eleito pelo PPS, passou pelo PSDB e hoje está no PSD), Sidnei Bezerra (eleito pelo PSDC, hoje no PSB), Edgar Nóbrega (PT), Jorge Salgado (PTB e Presidente da APAE-SCS), Paulo Pinheiro (PTB), Gersio Sartori (PTB), Horácio Neto (eleito pelo PT, hoje no PSOL). Angelo Pavin (eleito pelo PPS, hoje interventor no PMDB) não estava no plenário. Procurei chamar um a um - exceto Horácio e Edgar, pois sabia que votariam pela derrubada do veto -  para conversar, saber como votariam. Apenas dois me atenderam: Moacyr Rodrigues que, assim que perguntado, se esquivou e foi avisar aos demais; e Paulo Pinheiro (PTB, pré-candidato à Prefeitura http://www.jornalabcreporter.com.br/noticia_completa.asp?destaque=15506 ). 
Quando perguntei a Paulo como votaria, me disse que manteria o veto: "Me preocupa 'especiais' na mesma sala que 'normais': podem atrapalhar o desenvolvimento dos alunos 'normais'".

A sessão correu; votaram pela manutenção do veto do Sr. Prefeito José Auricchio Jr. (PTB), com votos contrários de Horácio Neto (PSOL) e Edgar Nóbrega (PT). Devo ressaltar que o Sr. Jorge Salgado se absteve. Por que? Porque, politiqueiro, não queria que o veto fosse derrubado, pois assim mantém alunos com deficiência - mormente com deficiência intelectual - dependentes da Instituição que Preside. Ao mesmo tempo, sabe que seu discurso é tão arcaico quanto ele: a Educação Inclusiva está um processo irreversível (o Sr. Jorge Salgado teve uma queda de votação nominal de 21,32 %, quando comparado sua votação em 2004 para 2008. Foi eleito pelo cociente eleitoral).

Ao meu lado, no plenário, estavam Serachiani e Wilson Defendi. Assistiram, ao meu lado, toda aquela cena grotesca. Serachiani (então Assessor Político de Horácio Neto) se prontificou a me acompanhar ao Ministério Público para denunciar aquela ignomínia. Wilson Defendi ( então Assessor de Gabinete de Horácio Neto) me sugeriu "voltar à carga", desta vez com um Projeto de Lei de iniciativa popular, uma vez que, na Instituição Política, o caso havia morrido.

Daí surgiram a denúncia ao Ministério Público (que, seis anos depois, decidiu por um Inquérito Civil Público, em andamento) feita por mim e Serachiani. E um  Projeto de Lei de Iniciativa Popular, instituindo a Campanha Municipal Permanente pela Acessibilidade, que envolveu mais de 1600 pessoas.

Mas essas histórias contarei numa próxima postagem.

Amilcar Zanelatto Fernandes




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