Postado em 16.10.09
Caros (as) leitores (as), aqui se inicia a Missão do Inclua-se:
contribuir para o entendimento das diferenças entre o discurso da(s) municipalidade(s) referente à Acessibilidade e Inclusão das pessoas com deficiências e descapacidades com as ações promovidas em São Caetano do Sul; tentar desvendar os “mistérios” que norteiam o Decreto-Lei 5296-04 e a norma técnica ABNT NBR 9050-04 e, sobretudo, encontrar lugares que estejam plenamente acessíveis, mesmo que seja um único lugar.
Primeiramente se faz necessário esclarecer que tanto eu, Tuca, quanto o Amílcar, não somos usuários de cadeira de rodas e acreditamos que o exercício de vivenciar a condição do outro - e porque não a nossa própria condição: a de Ser Humano - é de suma importância para a identificação das barreiras, compreensão e transformação do meio ambiente urbano e do OLHAR da sociedade, como também, a presença de pessoas com deficiências compartilhando suas realidades e vivências são importantes para esta compreensão e transformação.
O Fábio, com a sua cadeira motorizada, por exemplo, nos mostrou barreiras que jamais enxergaríamos se ele não estivesse compartilhando das vivências conosco.
E como foi surpreendente caminhar ao lado do Fábio pelas ruas de São Caetano do Sul. Que eu, com minha cadeira de rodas – alias, projetada para atender as necessidades de convalescentes cirúrgicos -, passaria por situações desastrosas, isso já estava previsto; mas que o Fábio também passaria por situações semelhantes utilizando sua poderosa “Ferrari” (!), isso jamais imaginaríamos.
Algumas vezes Fábio me deixara a falar sozinha: naturalmente esquecera que eu, além de ter que enfrentar os pisos e inclinações sofríveis dos passeios, não possuo braços “biônicos” que me dêem a velocidade compatível à da sua “Ferrari”! Sem dúvidas uma troca de aprendizagem enriquecedora para ambos.
Segundo, sempre que fomos (Amilcar e eu) abordados pelas pessoas nos oferecendo ajuda, quer seja nas ruas, nos comércios ou mesmo nas instituições públicas, jamais deixamos de esclarecer que estávamos apenas vivenciando os espaços e que não éramos usuários de cadeira de rodas.
Aguardando a presença do governador Serra e do prefeito Auricchio. |
Aliás, fora nesta inauguração que vivenciei uma outra realidade: além das barreiras arquitetônicas que agrediram meu corpo, uma vez que exigiram um esforço físico que muitas vezes está além da minha condição física, me deparei com a barreira do preconceito, e esta feriu a minha alma. Mas essa história a deixarei para outro momento...
E falando em preconceitos...
Os olhares, e como machucam esses tais olhares!
Há que se fazer algo para modificar o OLHAR das pessoas, e o caminho é o de cada vez mais proporcionar o acesso pleno à cidade para que haja a interação entre os seres humanos.
Desse modo tentaremos, dentro de nossas possibilidades - afinal trata-se de um simples blog -, transformar os olhares sobre as questões referentes à inclusão das pessoas com deficiência e descapacidades; mas, para isso, você caro (a) leitor (a) terá que se permitir.
Adriana Monteiro (tuca)
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