A Barreira Atitudinal é a mais difícil de ser combatida, erradicada, pois é necessário que a sociedade entenda e respeite as diferenças. Dela derivam as demais barreiras como a arquitetônica, a comunicacional, a instrumental, a metodológica e a programática.
“As barreiras atitudinais, porém, nem sempre são intencionais ou percebidas. Por assim dizer, o maior problema das barreiras atitudinais está em não as removermos, assim que são detectadas.” (Francisco Lima, 2008).
Postado em 22.02.2012.
Bacana observar ambientes que foram reformados e cujos degraus, que impossibilitavam o acesso de TODOS, foram substituídos por uma rampa.
Contudo, é desalentador quando, ao se tentar subir a mesma, percebe-se que não será possível, devido a sua inclinação, de se continuar o trajeto sem solicitar por...
SOCORRO!
Socorro... Fora esta a palavra que proferi aos “quatro cantos”, quando percebi que não teria forças para subir sozinha esta rampa do acesso principal do
SESC (Serviço Social do Comércio) de São Caetano do Sul, ainda mais com a cadeira de rodas empinando para trás!
Imagem Amilcar Zanelatto.
E espantados ficaram os funcionários ao se depararem com a cena. Afinal, a rampa fora projetada, segundo eles, conforme as recomendações técnicas da NBR
9050-04: está com aproximadamente, para não se dizer exatos (nós medimos), 12,5% de inclinação!
Uma rampa com esta inclinação (inclinação esta permitida pela NBR 9050-04* nos casos em que se esgotarem todas as possibilidades de se ter rampas com inclinações inferiores a 8,33%) não permite o acesso com autonomia, conforto e, sobretudo, segurança a TODOS, como deve ser.
O sensato seria ter, além da rampa, uma plataforma (inclinada ou elevatória) que possibilitasse o acesso às pessoas que não fazem uso da cadeira motorizada ou que não sejam “atletas”. E este pequeno detalhe, entre muitos outros, é que faz toda a diferença na vida de muitas pessoas. Deveria constar no Código de Edificações municipal! Opa, alguém sabe se o município de São Caetano possui um Código MUNICIPAL de Edificações?
Esta experiência serviu para mostrar que um ambiente pode estar com todos os “itens” de acessibilidade, contidos na norma técnica NBR 9050, contemplados - como, aliás, pudemos notar no acesso ao SESC - contudo, isto não significa que o mesmo esteja de fato ACESSÍVEL a TODOS!
Lembrando que as barreiras atitudinais geram barreiras programáticas que geram as barreiras arquitetônicas; portanto, pessoas: ao projetarem espaços, não se fiem nas dimensões mínimas e muito menos nas inclinações elevadas (como os 8,33% de inclinação) contidas na NBR 9050/04. Tenhamos bom-senso ao adaptarmos os espaços existentes.
Recado aos (as) arquitetos(as), engenheiros(as), decoradores (as) e afins: corrimão em aço inox esquenta sob o sol escaldante do meio dia! É lindo, maaas ... queimei meus dedinhos! Este item de acessibilidade tem função(!) não é um mero elemento decorativo.
*Segundo observações, nos comentários, feitas pela arquiteta
@elisaprado com relação a inclinação de 12,5% permitida pela NBR 9050 a mesma diz que:
"A inclinação é sim permitida, mas apenas para o desnível máximo de 7,5cm
(ou 0,075m conforme Tabela 6 na NBR 9050/04), algo menor que um degrau.
Ou seja, não podia ser adotada a inclinação de 12,5% para essa entrada
do Sesc; (...)"
Tuca Monteiro.
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Saiba que:
A reforma de adaptação a
Lei Federal 10.098 do SESC São Caetano do Sul somente fora realizada no acesso principal e salão de exposições, todos os demais ambientes como sanitários, lanchonete, academia, piscina, pavimento superior entre outros continuam não possibilitando o uso das pessoas com deficiência, sobretudo, as que utilizam cadeiras de rodas para locomoção.