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Não sabemos o que somos e sim o que NÃO somos! Não somos uma organização não governamental sem fins e muito menos com fins lucrativos (ONGs); Não somos um INSTITUTO; Não somos uma INSTITUIÇÃO nem pertencemos a uma; Não somos de CONSELHOS nem representamos segmentos. Não defendemos bandeiras PARTIDÁRIAS. Sendo assim, somos ILEGÍTIMOS aos olhos dos Poderes Constituídos!

Barreira Atitudinal - Sanitários Edifício Prefeito Oswaldo Samuel Massei

 

 A Barreira Atitudinal é a mais difícil de ser combatida, erradicada, pois é necessário que a sociedade entenda e respeite as diferenças. Dela derivam as demais barreiras como a arquitetônica, a comunicacional, a instrumental a metodológica e a programática. “As barreiras atitudinais, porém, nem sempre são intencionais ou percebidas. Por assim dizer, o maior problema das barreiras atitudinais está em não as removermos, assim que são detectadas.” (LIMA, 2008).



Postado em 19.03.2013

Prestigiei, no dia 7 de fevereiro, a convite de Amilcar Zanelatto, a apresentação dos novos representantes do Governamental que irão compor o Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência (COMPED) ao longo de 2013. A reunião ocorreu no Edifício Prefeito Oswaldo Samuel Massei - onde se situam a Câmara Legislativa, a Secretaria Municipal de Cultura (Secult), de Segurança (Seseg), de Controle Urbano (Secont), o gabinete da vice-Prefeita e a Sede dos Conselhos - excepcionalmente no 5º andar, onde está acomodada, além da Sede dos Conselhos, a Seseg e a Secont; portanto, o andar é de responsabilidade do Executivo.
E, como de costume, verifiquei as cabines acessíveis dos sanitários femininos e...

Surpresa!
Imagens de Tuca Monteiro.
 
Ambas estavam sendo utilizadas como depósitos para produtos e utensílios de limpeza!

Ao conversar com uma das prestativas e essenciais funcionárias da limpeza, soube que não existe, no andar, um local adequado com esta finalidade e, estando as cabines ociosas, "pois não há nas secretarias pessoas que necessitam das mesmas" (sic), foram autorizadas (por quem?) a transformá-las em depósitos. O discurso de não haver pessoas com deficiência trabalhando, ou frequentando determinados locais tem sido usado para justificar estas atitudes e tantas outras, como a fal­­ta de acessibilidade nos comércios.

Imagem de Tuca Monteiro.
Fato: a falta de um local apropriado tem levado as funcionárias da limpeza de próprios públicos a estas más práticas, denominadas de barreiras atitudinais. Neste andar existe um espaço ocioso em um dos "halls" de acesso aos sanitários que poderia abrigar­ uma cabine (ou armário) para armazenar todos os apetrechos de limpeza e objetos pessoais das funcionárias. Fica a dica.

Na reunião do COMPED estava presente Kelly, uma moça usuária de cadeira de rodas - e conselheira, representando a sociedade civil - e, caso necessitasse usar o sanitário, teria de esperar pacientemente pela liberação de uma das cabines, ou percorrer os demais andares em busca de algum sanitário de fato ACESSÍVEL, ou optar por usar alguma das cabines dos sanitários masculinos.

Outras observações com relação às barreiras de atitude foram feitas no local com a preciosa participação de Priscila, que faz uso de um andador para se locomover com maior segurança. O primeiro obstáculo fora este “inocente” tapetinho na entrada do sanitário.
 
Imagem de Tuca Monteiro.
 
Acredito que para muitas pessoas estes tapetinhos passam despercebidos, não causando nenhum transtorno; mas para quem tem mobilidade reduzida, como a Priscila, os mesmos são verdadeiras armadilhas!

Reparem na imagem abaixo:

 Imagem de Tuca Monteiro.
Os pés da Pri ficaram enroscados no tapete, cujo lado que fica em contato com o chão é emborrachado, ou seja, antiderrapante. Porém, no caso da Pri, que pouco eleva os pés para caminhar, o fato do tapetinho não escorregar não lhe garante segurança. Não caiu porque estava com o andador! 

Dentro do sanitário uma lixeira (com tampa) estava justamente na entrada: passagens e circulações devem estar livres de objetos; e as lixeiras, sem as tampas. Ações simples que facilitam sobremaneira o dia-a-dia de pessoas com deficiência física e visual, além das pessoas idosas.

Imagem de Tuca Monteiro.
 
Haviam outros três tapetinhos de tecido no interior do sanitário! Qualquer pessoa poderia escorregar neles, uma vez que não são antiderrapantes. A Pri teve que afastá-los com os pés para os cantos, para não ficar, novamente, enroscada. Perguntinha: Qual é a utilidade destes tapetes? Lembrando que tapetinhos são um dos causadores de quedas em idosos, nos domicílios.

 Imagem de Tuca Monteiro.

No dia 14 de fevereiro estivemos novamente no local para verificarmos se as cabines acessíveis do 5º andar estavam sem os objetos - produtos de limpeza, baldes, rodos, vassouras, panos, luvas, caixas, entre outros -, como me garantira a funcionária da limpeza. De fato, as encontrei liberadas para o uso; porém, ao percorrer os demais sanitários, nos deparamos com as mesmas cenas expostas anteriormente:

­­No 4º andar, onde se localizam a Secretaria de Cultura (Secult) e o Gabinete da vice-Prefeita, assim como a sala d­as reuniões dos Conselhos, as cabines acessíveis também estavam sendo utilizadas como depósitos!

Na imagem abaixo, exponho a situação encontrada na cabine do sanitário feminino da Secult.

 Imagem de Tuca Monteiro.
Sobre a bancada da pia há: panos de chão dobrados, dois detergentes, caixa de sabão em pó, bucha e recipientes plásticos. A barra de apoio da bancada está com três panos­ pendurados, como se a barra fosse um varal. Embaixo da pia, dois baldes e um par de botas de borracha. Ao lado, vassouras, rodos e pá de lixo completam o cenário.

Já no gabinete da vice-Prefeita, a cabine acessível do sanitário masculino é que fora transformada em depósito.

Imagem de Amilcar Zanelatto.
 
Sobre a bancada da pia há pelo menos cinco frascos de produtos de limpeza, rolos de papel higiênico, bucha, um porta-copos descartáveis (?), um escovão, baldes com sacos de lixo, cinco escovas para higienização de latrinas e uma porção de panos de chão pendurados na barra de apoio da bancada.

Nem mesmo a latrina escapou!

Imagem de Amilcar Zanelatto.

Sobre a tampa, papéis que parecem ser documentos pessoais; sobre a papeleira, um livrinho; a única barra de apoio possui roupas penduradas e há um par de sapatos, dois rodos, duas vassouras e uma pá de lixo ao lado da latrina.

No sanitário feminino, a cabine acessível estava com alguns produtos sobre a pia, e um balde. Há um rodo ao lado da mesma. Uma bolsa sobre a latrina e um par de luvas penduradas na barra de apoio; uma das peças está sobre o chão.

Imagens de Tuca Monteiro.

Acredito que, neste caso, o sanitário havia sido recém-higienizado e, por isso, a presença dos apetrechos no local. Um carrinho para artefatos de limpeza seria muito útil às funcionarias da limpeza. Fica a dica.    

Obs.: Conversamos com o Sr. João, pessoa que nos recepcionara no Gabinete da vice-Prefeita, e este nos garantiu que providências seriam tomadas.  

Nos sanitários correspondentes à Câmara Legislativa (1º, 2º e 3º andares), apenas me deparei, no sanitário feminino dos gabinetes dos (a) vereadores (a), com esta escovinha para higienização da latrina apoiada, justamente, em uma das barras de apoio. É comum verificar tal situação em sanitários acessíveis.  Nada higiênico!

Imagem de Tuca Monteiro.
 
Pessoas do meu Brasil varonil: cabines e sanitários acessíveis DEVEM ESTAR SEMPRE DISPONÍVEIS PARA O USO livre­­s de obstáculos, limpos e cheirosos, com todos os itens de acessibilidade e higiene. E jamais com as portas trancadas, pois em algum momento haverá alguém para usá-los.

Saiba que:

Voltarei a falar sobre os sanitários do Edifício Prefeito Oswaldo Samuel Massei na série sobre a Acessibilidade Arquitetônica das Câmaras Legislativas, pois verifiquei que os mesmos não estão em conformidade com a norma técnica NBR 9050/04 e, consequentemente, com o Decreto Federal 5.296/04. Aliás, o Edifício como um todo possui falhas quanto às leis de acessibilidade; no entanto, verificamos este “selo” com a afirmação “Aqui tem Acessibilidade” nos andares do mesmo.

Imagem via facebook da Sedef.
 

Tuca Monteiro.
 
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Veja também:
 

Um comentário:

  1. Tuca primeiramente quero dizer que a matéria ficou ótima e bem esclarecedora quanto a "transformar" os sanitários acessíveis em verdadeiros "depósitos" de produtos de limpeza.
    Foi super importante ter participado, justamente para evidenciar que não é somente pessoas em cadeiras de rodas que "sentem" as dificuldades quanto as barreiras atitudinais, a pessoa com mobilidade reduzida que fazem uso de andadores, muletas canadences e até mesmo os Idosos, também passam por situações de risco. Pessoas estas que na sua grande maioria estão sozinhos!! e aí o que fazer ao se depararem com as tais barreiras?? Portanto está matéria esclarece e mostra o quanto é difícil para as pessoas com mobilidade reduzida, principalmente, ter a sua independência conquistada fora de seu lar!!
    Espero ter contribuído para alertar quanto a fatos tão irrelevantes, como um simples tapetinho de decoração, podem ter consequências de alto risco!
    Obrigada Tuca e Movimento Inclua-se pela participação. Contem Comigo !!

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