Postado em 08.06.2012
A Barreira Atitudinal é a mais difícil de ser combatida, erradicada, pois é necessário que a sociedade entenda e respeite as diferenças. Dela derivam as demais barreiras como a arquitetônica, a comunicacional, a instrumental, a metodológica e a programática.
“As barreiras atitudinais, porém, nem sempre são intencionais ou percebidas. Por assim dizer, o maior problema das barreiras atitudinais está em não as removermos, assim que são detectadas.” (Francisco Lima, 2008).
Estivemos no mês passado (Maio) vivenciando, com uma cadeira de rodas, as rampas da Praça Cívica da Câmara Legislativa de São Caetano do Sul...
Imagem de Amilcar Zanelatto.
Vivenciar os espaços arquitetônicos e urbanísticos, assim como o transporte público, com o “olhar” focado na Acessibilidade têm sido, para nós, uma experiência reveladora. E dessa vez não fora diferente.
Reveladora, inclusive, para os simpáticos e atenciosos guardas municipais (GCM) que resguardavam o edifício e presenciaram o ocorrido.
Tenho por hábito, quando a rampa possui uma inclinação suave (algo em torno de 5% de inclinação) de, após subi-la utilizando a cadeira de rodas, descê-la sem controlar a velocidade da cadeira:
ergo meus braços para o alto e me deixo guiar pela gravidade. Sensação de liberdade proporcionada pelo vento no rosto.
Contudo, com a rampa de acesso à Câmara fora diferente.
Como a praça está a 40 cm acima do nível onde se encontra o acesso do edifício, minha primeira experiência foi na descida, e não na subida, como nas demais rampas:
desci controlando a velocidade da cadeira.
desci controlando a velocidade da cadeira.
Prudência que garantiu não me acidentar, pois assim que cheguei ao final da rampa uma das rodinhas frontais da cadeira ficou presa no vão de 30 mm de largura da grelha de escoamento das águas pluviais, vão este resultante da falta de uma das hastes...
Imagem de Amilcar Zanelatto.
Se tivesse descido sem controlar a cadeira, a velocidade, mais a parada brusca ocasionada pelo vão, ter-me-iam arremessado para fora da mesma.
Lembrando que: a “real” Acessibilidade, neste caso, arquitetônica, deve garantir o acesso e o uso com autonomia, conforto e segurança a todas as pessoas.
Portanto, a manutenção constante dos ambientes e dos itens de acessibilidade contidos na norma técnica NBR 9050-04 são primordiais para não comprometer qualquer destas três prerrogativas.
Deste modo, solicitarei encarecidamente ao vereador da situação e Presidente da Câmara Sr. Sidnei Berreza (PSB), conhecido como Sidão da Padaria, pelo seu facebook, que o mesmo providencie não somente o reparo da grelha como também das barras inferiores de parte do guarda-corpo - que cercam o lado da praça voltada para a rampa do estacionamento que fica no subsolo - que, devido à ferrugem, estão rompidas.
Imagem de Tuca Monteiro.
E aproveito a oportunidade e faço a mesma solicitação aos vereadores da situação Sr. Fábio Palácio (PR), Sr. Gersio Sartori (PTB) e Sr. Jorge Salgado (PTB e presidente da APAE de São Caetano do Sul e que excluiu o perfil do "Movimento Inclua-se!" de seu facebook) - que nas duas últimas sessões da Câmara foram ao púlpito discursar sobre Acessibilidade - para ficarem atentos a estas barreiras e tantas outras que presenciamos tanto na Câmara quanto na Plenária.
Afinal, a Acessibilidade não deve estar apenas nos "belos" discursos.
Tuca Monteiro.
Especialista em bom-senso.
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Saiba que:
Segundo a norma técnica NBR 9050-04:
"As grelhas e juntas de dilatação devem estar preferencialmente fora do fluxo principal de circulação. Quando instaladas transversalmente em rotas acessíveis, os vãos resultantes devem ter, no sentido transversal ao movimento, dimensão máxima de 15 mm."
Penso nas pessoas cegas, como a advogada Thayz Martinez ( twitter @thays_martinez ), do Instituto Íris, e que usam sapatos com salto, o transtorno que devem causar estas grelhas permitidas pela NBR 9050-04 nas vias de circulação!
Será que alguém irá pensar nas "Thayzes" deste Brasil na revisão da norma?
Outras situações cujas rodinhas da cadeira ficaram presas nas grelhas:
Grelha no final da rampa de acesso a passagem subterrânea que liga a área Central da cidade de São Caetano do Sul ao bairro Fundação, e no calçamento do entorno da fábrica de chocolates Pan.
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