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Modelos sobre a questão da deficiência: Caritativo, Medico, Social e de Direitos Humanos.

Postado em 21.03.2012



Por Amilcar Zanelatto.






Recentemente estivemos reunidos Tuca Monteiro, Tuca Munhoz, Fabio e Antonia Yamashita e eu para conversarmos sobre o projeto de Antonia e Fabio - o gibi “A Turma do Lucas” – numa padaria no Bairro de Santa Cecília.

Entre um café e uma garrafa d’água,Tuca Munhoz, contextualmente, citou a discussão que está se desenvolvendo dentre as organizações de pessoas com deficiência sobre as atitudes, suposições e percepções a respeito da questão da deficiência e que foram agrupadas em quatro Modelos: o Modelo Caritativo, o Modelo Médico, o Modelo Social e o Modelo de Direitos Humanos.

Refletindo sobre o assunto, propus à minha querida pesquisadora, fotógrafa, redatora e editora desse singelo blog, Tuca Monteiro, a publicação de uma pequena série de textos que abordassem os assuntos à luz desses Modelos, haja vista que me parece evidente que as pessoas desconhecem a origem e característica de seu olhar quanto à questão da deficiência e, consequentemente, colaboram, algumas sem perceber, para a perpetuação de equívocos.

Este primeiro texto tratará dos Modelos em si: o que são e quais são suas principais características.
Todas as quartas-feiras publicaremos novos textos em que abordaremos, à luz dos Modelos, as Terminologias, Campanhas, Barreiras e Instituições.


1) Modelo Caritativo
 
O mais secular dos Modelos, nele a pessoa com deficiência é tida como vítima de sua incapacidade e, reforçado pelo conceito de caridade da tradição judaico-cristã e de religiões espiritualistas ocidentais, como o kardecismo, neste modelo somos vistos como incapazes e carentes de total assistência. É o Modelo que justifica a existência de Instituições Asilares e Totais e de ações e políticas segregacionistas. É o Modelo da comiseração, do sentido de piedade. A responsabilidade pelas barreiras é da pessoa com deficiência, e devido à própria deficiência. E essa deficiência ora é considerada uma “expiação”, ora “exemplo de superação”.


2) Modelo Médico

Neste Modelo, complementar do Modelo Caritativo, a pessoa com deficiência é considerada paciente e a deficiência é confundida com uma doença que deve ser tratada para que haja a “cura”. É o Modelo que considera que a pessoa com deficiência deva ser “modificada” para se adaptar ao ambiente, não o meio é que deva ser modificado para comportar a pessoa com deficiência. O Modelo Médico ganhou mais força após as duas grandes guerras com a criação de muitas Instituições Assistenciais nos moldes da AACD e APAE. Para esse Modelo, as pessoas com deficiência devem ser assistidas por profissionais e as mais “aptas” terão condições de se integrar à sociedade.

3) Modelo Social 

O Modelo Social entende a questão da deficiência como um produto do meio, um produto da forma como a sociedade está organizada.
E essa (má) organização é que impõe à pessoa com deficiência as chamadas “barreiras”, tendo a atitudinal como matriz e as barreiras arquitetônica, comunicacional, instrumental, metodológica e programática como derivadas.
Perante o Modelo Social, não cabe apenas ao indivíduo com deficiência “superar” os obstáculos, como preconizam os Modelos Médico e Caritativo, mas cabe à sociedade – inclusive à pessoa com deficiência - romper com os paradigmas (Modelos) supra para que haja a remoção destes obstáculos.


4) Modelo de Direitos Humanos

Complementar do Modelo Social, o Modelo baseado em Direitos tem sido considerado o mais próximo de um Modelo ideal. Nele está contemplado os direitos básicos de qualquer membro da sociedade, com o direito à vida, à saúde, à educação, ao trabalho, à cultura. Assim como o Modelo Social, opõe-se aos Modelos Caritativo e Médico na medida em que considera a assistência não como caridade ou responsabilidade de um grupo restrito de especialistas, mas como o mais comesinho dos direitos humanos que devam ser reivindicados por qualquer segmento em estado de vulnerabilidade social.
Caracteriza-se pelo “empoderamento” (*) e pela assunção de responsabilidades.
O Modelo baseado em Direitos determina a criação de políticas públicas que objetivem a Inclusão com a participação ativa e autônoma das pessoas com deficiência.


Considero que os Modelos Caritativo e Médico fundamentam a Integração, enquanto que os Modelos Social e de Direitos fundamentam a Inclusão.

E você, leitor(a), qual desses Modelos considera como representativo de seu olhar quanto à questão da Deficiência?

                                                                                  Amílcar Zanelatto Fernandes

(*) No próximo texto, analisaremos as Terminologias à luz dos Modelos.

Fonte das imagens: google image.


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Um comentário:

  1. Olá Amílcar,

    Muito bom o seu texto. Abordou de maneira acessível a questão de como as instituições entendem a deficiência e se organizam para tal através dos modelos. Acredito, assim como você que o modelo mais abrangente e "humano" para lidar com as questões da deficiência é o baseado nos DH que entende a deficiência como uma característica da diversidade humana. Mas você já se perguntou porque ainda uma quantidade maciça de profissionais que lidam com as questões da deficiência ainda não trabalham dialogando com essas questões?

    Abraços

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